24 janeiro, 2017

Postura


Céu cinzento, dia nublado, nada de sol ou da alegria típica do verão, os sorrisos se fecharam e o que se vê em seu lugar são feições amarradas e, por vezes,  lágrimas que teimam em cair.
Apenas siga.
Não se vê pássaros ou flores e só o que se escuta são os sons estridentes das buzinas a ressaltar a irritação e o stress cotidiano. 
Continue andando.
Ruídos de carros, passos, vozes distintas e desconhecidas em meio ao caos diário, nada de novo para se distrair. 
O sentido é para frente.
Meios sorrisos, olhares cruzados, cumprimentos forçados, muito carisma e educação, passos firmes, expressão confiante, a vida não é um seriado Hollywoodiano.
Siga o fluxo.
Sem deslizes, nada de falhas, erros não são perdoados, o mundo é difícil e o sucesso cobra seu preço.
Foco na missão.
Estude muito, treine pesado, supere seu limites, sofra agora, viva depois.
Sem dor, sem ganho.
O amor espera, os amigos entendem, a família nunca se vai, se preocupe com as metas.
Foco, força e fé.
Enquanto isso, o tempo passa, a vida acaba e tudo se desfaz.
Nada de olhar pra trás.



Inteiros


Dentre todos os problemas advindos do estranhamento que forma um abismo entre dois amantes,  o principal é a impressão que fica de que só um lado está lutando pelo amor, pela paixão que, parece, se esvaiu com o trocar de estações. 
Para que se ame de verdade, é preciso entrega, vontade,  desejo de permanecer e de ser melhor. De fazer ser melhor.
Mas para isso, é necessário que seja um desejo conjunto,  e não de uma só parte, pois não existem partes, metades ou frações.  Em um relacionamento, apenas devem existir inteiros, homogêneos,  forças que se completam, que se preenchem, transbordam-se. Caso contrário, é só amor, amizade, consideração, e isso nunca será o todo, apenas uma parte do que um dia foi, mas já não é mais.