07 dezembro, 2021

Eu quero morrer



Eu quero morrer. Eu quero morrer. Eu quero morrer. Eu quero morrer. Eu não aguento mais... cansada, exausta, cheia. Eu vou explodir!!!! Sufocada, esmagada, sumindo, desaparecendo, fugindo...de mim. Dos meus medos. Dos meus traumas. Monstros. Eu quero morrer. Eu quero matar. Eu? Não, o medo, a insegurança, a dor continua, o sentimento de insignificância, fracasso, solidão. Eu quero me sentir amada, me sentir querida, importante, feliz...plena. Não é essa a palavra da moda? Plenitude... eu quero morrer, eu quero matar, não a mim, mas a todo esse turbilhão que em mim habita. Eu só quero ser feliz, eu só quero ME SENTIR feliz. 

14 abril, 2021

Estranho Habitual




                                           (Ilustração: Muhammed Salah)

Faz algum tempo você vem preenchendo espaços em mim que há muito não ousava deixar que alguém entrasse. Você tem feito do meu riso leve, do meu acordar sereno, tem-me feito ficar em paz.

Você me transporta a um lugar onde o caos, os problemas, as decepções e o vazio não existem. Não ali, não naquela fração de tempo mágica em que estamos somente eu e você.

Você me faz bem sem esforço algum, somente por estar ali, por me tirar de mim, me fazer voar, soltar brevemente os pés do chão, mesmo sem querer, mesmo sem saber, ainda que eu não vá te contar, obrigada por tanto! 

Exausta



Foto: Henn Kim


Eu cheguei a um grau de exaustão que me fere. Suas atitudes vem acabando comigo, acabando com as minhas forças, me tirando o sono, a paz e a sanidade. Eu já me questionei quando me tornei esse monstro, já me perguntei porque deixei você me ferir tão fundo assim sem sequer reagir, não entendi como pude me vendar por tanto tempo para te proteger e não enxergar o  mal que fazia a mim, já me culpei por sentir sua falta, mesmo depois de tudo, por simplesmente não conseguir odiar você.

Eu já ouvi que mudei, que estou triste, que meu olhar e minha luz se apagaram um pouco e eu só não tenho mais forças para responder ou questionar ninguém. Eu nunca me senti tão sozinha, tão no breu quanto eu estou me sentindo agora e a culpa é sua. Você me fez perder a esperança na vida, nas pessoas, me fez enxergar um lado do mundo que eu nunca quis ver. 

Uma vez um amigo me disse que me faltava ódio, acho que ele tinha razão, porque mesmo você merecendo muito, eu ainda não consigo te odiar ou desejar o seu mal. Talvez eu aprenda a tirar alguma força disso.

Sigo orando por você, pela sua vida, seguindo o que Deus me pediu pra fazer, mas de uma distância segura, pra que você não me afete assim nunca mais. Essa é a última vez que te escrevo...Espero que você se afaste também.

15 janeiro, 2021

Jardim

 

📷: Henn Kim (https://www.instagram.com/henn_kim/) 

De todas as pessoas da minha vida, você seria a última que eu acreditaria que me feriria tão profundamente. Você prometeu ser meu escudo, ser minha rocha, minha sustentação, mesmo depois do fim e eu acreditei em você.

Eu acreditei no seu amor, na sua amizade, eu acreditei na sua mudança e no ser humano melhor que você poderia ser. Eu acreditei que o meu amor pudesse transformar o seu, que juntos pudéssemos mesmo agarrar o mundo e tê-lo pra nós.

Não me importavam os questionamentos, os rótulos, as imposições, não precisávamos ser amantes para nos amar, não precisávamos termos somente um ao outro para nos bastar, tínhamos a nossa amizade, a nossa força, tínhamos o que precisávamos ter.

Quando foi que eu me tornei o monstro que você vem pintando que eu sou? Quando foi que eu te fiz tão mal a ponto de você me estraçalhar assim? Eu mereci isso? Porquê?

Você me travou um punhal nas costas, de uma lâmina afiada e fria que me rasgou da forma mais voraz possível. Me fez sangrar, deixou em carne viva e foi embora sem olhar pra trás ou se preocupar com os ferimentos que causou em mim.

Sempre fui seu alicerce, sua pedra de apoio, fui sempre eu a lhe estender a mão quando ninguém mais estava ali por você e agora eu te pergunto...pra que? De que me valeu todo afeto, todo afago, todo o amor? Eu curei suas feridas, atei suas cicatrizes...esqueci de mim. Me reinventei para o seu mundo, seus problemas. Aprendi a amar tudo em você, a amar aquele que era o melhor de você e o tornei também o melhor para mim, vi minha juventude ir embora...por você.

Nunca cobrei favores, não reivindiquei apego, me fiz local de refúgio e paz...eu era o seu jardim, mas você abusou das flores e ainda assim elas floriram pra você, uma estação pós outra. Você nunca soube apreciá-las de fato. Queria sempre mais, nunca lhe era suficiente, a ganância te cegou e acabou com o verão em mim. Eu me vi murchar, vi minhas cores apagarem, mas ainda assim busquei manter minhas raízes firmes por você. Me podei tantas e tantas vezes, me cerquei de espinhos para te proteger, para nos proteger...vi meu caule curvar, minhas folhas caírem e você me deixar. Sem piedade, sem reservas, você me fez morrer, se apropriou do meu oxigênio e quando se viu forte o bastante...partiu.