20 junho, 2020

Seis Anos

                               Ilustração: aka Ana Novaes

Hoje completam-se seis anos que você se foi e, por algum motivo, estou mais nostálgica que nos outros três últimos anos.  
Fazem alguns dias venho pensado com mais frequência em você, nas “marcas” que você me deixou. 
De você ficou em mim o gênio forte, a teimosia e a marca de nascença que eu tanto reclamo. Ficaram os traços e a semelhança física, o tipo sanguíneo e o cabelo que não define o que é, mas, dentre todas essas características, um fator inusitado surgiu na minha fase adulta que me faz lembrar sempre de você: herdei carinhosamente seu apelido, algo que no começo me deixava um pouco incomodada, mas que agora recebo de forma tão grata por poder ter mais uma coisa aqui na Terra que me ligue a você. Já não sou só Raíza ou Ra, como você, agora sou “Rai”, assim como você me esforço ao máximo e dou meu melhor no trabalho e em tudo que me proponho a fazer, assim como você tento ajudar ao próximo sem que a minha mão direita veja o que fez a esquerda, assim como você me tornei devota de Nossa Senhora. Aliás, penso sempre em você quando converso com ela, acho que talvez seja uma forma de ela me dizer que vem cuidando de ti. Espero que sim!

Saudades pai, muitas, infindas. Eu te amo pra sempre!

10 fevereiro, 2020

Devanieos






















Já não sei o que é certo ou errado
Já não sei no que devo  pensar
Já não possuo o dom das escolhas
E já não sei como te esperar.

Não sei mais o que querer
Não sei mais o que falar
Já não tenho mais certezas
Se não a de te amar.

Toma-me em teus braços
Envolve-me em teu calor
Da-me beijos ardentes
E faz-me queimar em torpor.

Salva-me dos devaneios
Que minh'alma insiste em entrar
E torne concreta a  certeza
De que é com você que devo estar.


Saudades de Escrever Aqui

 



Tenho saudade do meu eu de 15 anos de idade, da menina que escrevia poemas, textos e que sabia expressar com tanta clareza e verdade tudo aquilo que se passava em seu íntimo. Sinto falta da facilidade em rascunhar cada texto, em criar estrofes e versos e de como as palavras valsavam coerentes em minha mente.
 Um dos meus maiores hobbies  na adolescência era a escrita, algo que fazia todos os dias como forma de colocar pra fora tanto sentimento sufocado num peito julgado com tão pouco espaço. Cada linha escrita era um grito calado de dor, amor, euforia, desejo, sentimentos dos mais diversos possíveis, proferidos com cuidado e destreza, comunicando não ao mundo, mas a mim mesma o quanto podia caber em mim.
 Se pudesse hoje soprar ao vento um desejo, pediria que me permitisse sentir tudo aquilo outra vez, escrever como um dia já fiz e me reconectar à essência da menina cheia de palavras que um dia fui. Sem falsas promessas, não direi que de hoje em diante passarei por aqui com a mesma assiduidade, mas afirmo que me permitirei tentar. Quero voltar a viver o lado bom, fácil, rascunhar outra vez a minha vida e por fim, parafraseando uma música que eu tenho gostado bastante "viver a vida leve ou viver a vida breve".